[Especial Centenário de Luiz Gonzaga] #12 O Papa, Paul Mc Cartney e Luiz Gonzaga




Desde que deixou Exu e ingressou na carreira artística, Luiz Gonzaga ganhou o respeito e a admiração por onde passou e até mesmo por lugares onde nem chegou a estar.
Uma das histórias que influenciaram a vida de Luiz Gonzaga foi na ocasião da visita do papa ao Brasil em 1980. Nascido Karol Jósef Wojtyla na Polônia em 1920, tornou-se Papa e líder mundial da igreja católica mundial e soberano da cidade do Vaticano em 1978. João Paulo II foi aclamado como um dos líderes mais influentes do século XX e foi um dos líderes que mais viajaram na história, tendo vuisitado 129 países durante seu pontificado que durou trinta e quatro anos. Em 1980 o então Papa João Paulo II esteve no Brasil e visitou algumas cidades do País, inclusive Salvador, foi a primeira vez que o Brasil recebeu a visita de um Papa. A chegada do representante maior da igreja católica mexeu com o país e levou cerca de 4,5 milhões de católicos e não católicos às ruas, tornando-se uma das maiores manifestações populares já registradas no país. Na sua passagem por Fortaleza (CE) Luiz Gonzaga foi convidado para tocar ao santo padre em cerimônia no Estádio do Castelão, sob forte emoção Luiz Gonzaga reverenciou o papa e ofereceu-lhe sua sanfona branca, o papa não aceitou a oferta por perceber que se tratava do instrumento de trabalho de Gonzaga e disse-lhe: "Toma cantador, bota no museu!". Gonzaga recebeu de volta a sanfona fez uma reverência ao santo padre e deu início ao projeto do parque Aza Branca (assim com Z mesmo) em Exu (Pe). Nos planos do Rei do Baião o parque Aza Branca seria um pólo cultural com museu, pousadas, a sua própria residência e tudo o mais que servisse de incentivo ao turismo cultural em Exu.

Gonzaga não conseguiu terminar o parque, faleceu antes de ver seu sonho concluído. Em outra edição deste especial falaremos mais detalhadamente deste importante projeto do Mestre Lua.
O prestígio e a importância de Luiz Gonzaga para a música popular brasileira e para a cultura nacional alcançaram também terras em que o sanfoneiro nunca esteve. Em 1968 o Brasil ficou em polvorosa com a notícia de que os Beatles haviam gravado Asa Branca, o grande sucesso de Luiz Gonzaga. Um dos 5 garotos de Liverpool, Paul Mc Cartney, esteve no Brasil em abril deste ano para mais uma série de shows. em sua passagem pelo Recife para a realização de dois shows o ex beatle levou o público pernambunacano ao delírio, não só através de suas canções, mas por causa de duas frases que o cantou proferiu ao saudar o público. No primeiro show na capital pernambucana Paul Mc Cartney logo após a canção Paperback Writer disse em bom português 'Povo arretado' em referência a anilimação pernambucana. No segundo show, no dia seguinte, 23 de abril, Paul Mc Cartney disse novamente também em português 'Salve a terra de Luiz Gonzaga'. É o Rei do Baião ganhando homenagens e reconhecimento por sua grande contribuição a cultura brasileira.




[Especial Centenário de Luiz Gonzaga] #11 Bença Mãe




Ana Batista de Jesus, conhecida como Santana, é descendente direta do romancista cearense José de Alencar e seu pai foi também poeta, cantador e violeiro. Casou-se com Januário José dos Santos e viviam da lavoura na fazenda Caiçara no sopé da Serra do Araripe em Exu (PE). Santana fazia artesanato com algodão e sisal e vendia na feira de Exu, com a renda obtida ela Santana e Januáriocomprava os mantimentos da ca sa.
Januário e Santana tiveram nove filhos, o segundo deles recebeu o nome de Luiz Gonzaga do Nascimento, sugestão do padre José Fernades Medeiros da paróquia de Exu que ajudou no parto do menino. Gonzaga por escolha do padre e Nascimento pelo menino ter nascido próximo aos festejos do Natal.
Sobre a influência da mãe em sua vida e carreira Luiz Gonzaga comentou certa vez que “Minha mãe também me influenciou, porque em casa se rezava o mês de Maria todinho, o mês de maio todinho. Trinta e uma novenas! Quando terminava a novena, os benditos, os zambumbeiros, tocadores de pife, entravam no salão para beijar o altar. E eu quase sempre era componente dessa banda. Uma hora tocava triângulo, outra hora tocava caixa, às vezes zabumba. Quando faltava um, pegava no pife também. Então era uma casa de música”. lembra o Rei do Baião.
Dentre as centenas de músicas que compôs ao longo da vida Santana aparece em várias delas, onde sanfoneiro expressa sua admiração e até mesmo sua saudade. Como em Légua Tirana em que ele diz Oh, que estrada mais comprida / Oh, que légua tão tirana / Ai se eu tivesse asa / Inda hoje eu via Ana (...) Varei mais de vinte serras / De alpercata e pé no chão / Mesmo assim, como inda farta / Pra chegar no meu rincão / Trago um terço pra Das Dores / Pra Reimundo um violão / E pra ela, e pra ela / Trago eu e o coração. Há também uma música que leva o nome de Santana
Neste vídeo você pode ouvir a canção Já vou Mãe, mais uma homenagem a Santana, interpretada por Anastácia.


[Especial Centenário de Luiz Gonzaga] #10 A coroação do Mestre



 
Em meados da década de 40 Luiz Gonzaga apresentou o baião ao Brasil através da canção que dizia "Eu vou mostrar pra vocês / Como se dança o baião / E quem quiser aprender / É favor prestar atenção, e os brasileiros não só prestaram atenção na aula do sanfoneiro como aprenderam a lição e transformaram o ritmo em sucesso internacional.
Originalmente o conjunto da instrumentação básica do baião era de origem portuguesa, veio para o Brasil e Luiz Gonzaga criou a divisão do triângulo, a forma como ele é tocado no baião. Segundo Humberto Teixera, parceiro de Gonzaga, o lançamento nacional do baião junto com outros ritmos nordestinos foi meticulosamente planejado por Luiz Gonzaga. Sobre isso Gonzaga contou "quando toquei o baião para ele (Humberto Teixeira) saiu a ideia de um novo gênero. Mas o baião já existia como coisa de folclore. Eu o tirei do bojo da viola do cantador, quando faz o tempero para entrar na cantoria e dá aquela batida, aquela cadência no bojo da viola. A palavra também já existia. O que não existia era uma música que caracterizasse o baião como ritmo. Tinha só o tempero, que era prelúdio da cantoria. E aquilo que o cantador faz, quando começa a pontilhar a viola, esperando a inspiração." lembra Gonzaga. O sanfoneiro estilizou o modo binário do baião, amaciando-o para o paladar urbano e o sucesso da empreitada foi tão grande que ele desequilibrou o eixo da MPB e colocou o Nordeste no mapa da MPB. A síntese instrumental imaginada por Gonzaga para acompanhar o ritmo, saanfona, zabumba e triângulo, virou epidemia e Gonzaga foi o grande divulgador e fixador do baião cantado como gênero de música popular brasileira.
A maioria dos baiões bem sucedidos na música brasileira são cantados e compostos por Luiz Gonzaga. Por tamanha contribuição o povo brasileiro, admirador do mestre e do ritmo que ele difundiu coroou o sanfoneiro apelidando-o como Rei do Baião. Sendo desta forma Luiz Gonzaga o único Rei eleito pelo povo da história.
No vídeo abaixo você pode constatar porque Gonzaga foi coroado Rei do Baião.