[Especial Centenário de Luiz Gonzaga] #9 De onde vem o Baião?





O Baião é um gênero musical que tem sua instrumentação básica originária na Chula, que é uma dança popular e gênero musical originária de Portugal de andamento ligeiro e ritmo bastante marcado por zabumba, triângulo e chocalhos e o canto é acompanhado por sanfona, viola, percussão e rabeca. Segundo o folclorista Câmara Cascudo o termo Baião deriva de baiano e é também uma dança popular nordestina desde o fim do século XIX, mas sempre restrito ao interior nordestino.

Em 1946, foi gravado o primeiro baião. A canção Baião composta por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira apresenta o ritmo para o país anunciando eu vou mostrar pra vocês como se dança o baião e quem quiser aprender é favor prestar atenção e o ritmo explodiu num mercado antes dominado por ritmos como bolero e samba-canção. Após isso o baião tornou-se o único dos gêneros musicais brasileiros a conseguir de fato projeção nacional e internacional, esta última principalmente através da música Baião de Ana gravada Silvana Mangano).
O Baião utiliza muito os seguintes instrumentos musicais: viola caipira, sanfona, triângulo, flauta doce e sanfona. O canto é intercalado ao som dos instrumentos e a temática das músicas é quase sempre o cotidiano dos nordestinos e as dificuldades da vida.
Em 1949, os jornais anunciavam "A ordem agora é baião - coqueluche nacional de 1949." anunciou o jornal Radar, no Diário Carioca afirmava que "o baião vem fazendo estremecer todo o vasto império do samba, e já agora não se poderá mais negar a influência decisiva deste gênero musical na predileção do povo."
Em 1950 tornou-se um ritmo internacional, com o baião Delicado de autoria de Valdir Azevedo que recebeu ao longo dos anos cinquenta orquestrações de maestros americanos e chegou a ganhar imitações, como aconteceu com O Baião de Ana interpretado pela atriz italiana Silvana Mangano no filme "Arroz Amargo" e em 1953, a música do filme "O Cangaceiro", baseado no baião Muié Rendeira, recebeu menção honrosa no Festival de Cannes na França.
No final dos anos 50 o baião entrou em declínio, mas não deixou de tocar nas rádios e até os anos 60 foi o gênero musical brasileiro de maior influência no exterior. São encontradas inúmeras influências do baião, e segundo alguns, até mesmo os Beatles (eles de novo) mostrariam em algumas composições como She Loves You, influências da marcação rítmica do baião. E em plena euforia do tropicalismo Gilberto Gil lançou músicas com nítida inspiração rítmica do baião, a começar por Domingo no Parque, que participou do Festival de Música da Record em 1967. No começo dos anos 70 voltou a influenciar as novas gerações de artistas, como Raul Seixas, que realizou uma fusão do rock com o baião criando o baioque.
O ritmo foi e é matriz de intervenções modernizadoras de Hermeto Pascoal, Edu Lobo, Egberto Gismonti, Guinga e inúmeros outros instrumentistas. Mais longínquo e miscigenado o gen do baião também contamina uma corrente que emergiu do Mpop do B dos anos 90 como Chico César, Lenine, Rita Ribeiro e Zeca Baleiro. A perenidade do gênero foi definida por Gilberto Gil em 1976 na canção De onde vem o Baião?
O baião continua a ser cultivado por todo o Nordeste, tendo ainda inúmeros cultivadores em outras regiões do país.
Músicas
Baião (Luiz Gonzaga/ Humberto Teixeira)
Asa Branca (Luiz Gonzaga/ Humberto Teixeira)
Paraíba (Luiz Gonzaga/ Humberto Teixeira)
Juazeiro (Luiz Gonzaga/ Humberto Teixeira)
Vem Morena ( Luiz Gonzaga/ Zé Dantas)
Respeita Januário (Luiz Gonzaga/ Humberto Teixeira)
Kalu (Humberto Teixeira) – Dalva de Oliveira
A Dança da Moda (Luiz Gonzaga/ Zé Dantas)
Sabiá (Luiz Gonzaga/ Zé Dantas)
A Letra I (Luiz Gonzaga/ Zé Dantas)
Cabeça Inchada (Hervê Cordovil)
Macaco Véio" (João do Vale/ J.B. de Aquino)
Delicado (Waldir Azevedo)
Carcará (João do Vale/ José Candido)
O Ovo (Hermeto Pascoal/ Geraldo Vandré)
Fica Mal Com Deus (Geraldo Vandré)
Louvação (Gilberto Gil)
Ponteio (Edu Lobo/ Capinam)
Baião Malandro (Egberto Gismonti)
Baião de Lacan (Guinga/ Aldir Blanc)

Forró Danado e Estakazero comandam aula de forró especial para a Rede Bahia



Os Danados e parte da banda Estakazero
Na manhã deste sexta-feira, 27/04, o Grupo Forró Danado esteve numa das sedes da Academia Alpha Fittness em Salvador, a convite da TV Bahia, para uma reportagem especial sobre a grande procura de aulas de forró em academias com o objetivo de perda de peso.
A matéria foi ao ar AO VIVO no Jornal da Manhã apresentado por Georgina Maynart e Ricardo Ishmael. A reportagem é de Adriana Oliveira.


João Pipolo e Léo Macedo
"Simplesmente um encontro fantástico! A Estakazero tem músicos extremamente simpáticos, a começar pelo líder Léo Macedo. Estamos de parabéns por essa mistura de Estakazero e Forró Danado em uma das maiores e melhores academias de Salvador, a Alpha Fitness." Disse João Pipolo que comandou os danados que também participaram da reportagem com muita alegria, energia e domínio da técnica que lhe são característicos. 


Para Vanessa Scopel, aluna da sede de Simões Filho do Forró Danado, "Foi uma realização em dose dupla, me apresentar e ao vivo. Dá aquele frio na barriga que só quem passou sabe, mas, com a união e a força dos danados fomos lá e fizemos bonito mostrando nossa força e a importância do nosso grupo." 
Teresa Oliveira, também aluna da sede de Simões Filho, comentou a experiência "Nunca achei que acordar às 4h da manhã me seria tão proveitoso. Achei  maravilhoso, algo surpreendente. O cantor Léo Macedo e os outros integrantes da Estakazero foram super gentis. Ameei, foi bom demais. Forró Danado com toda força. Sucesso!" Declara.

João Pipolo e o a repórter Adriana Oliveira
Não foi a primeira vez que o Forró Danado foi destaque na imprensa. Em maio de 2011 a BAND BA fez uma matéria especial com o professor João Pipolo e seus alunos  e logo depois em Junho, o portal iBahia convidou o grupo para ilustrar uma matéria com o sanfoneiro Targino Gondim, da qual participaram os alunos Vinícius Gomes e Priscila Ferretti.


Sobre o crescimento do grupo e o sucesso permanente João Pipolo comentou: "O que eu quero mais? As aulas lotadas e o grupo amadurecendo a cada dia!!" Comemora


Foi com muita alegria que recebemos o convite e agradecemos a Academia Alpha Fitness, à banda Forró Estakazero e à Rede Bahia na pessoa de sua repórter Adriana Oliveira pela oportunidade e confiança em mais uma vez estarmos presentes na programação da maior rede de comunicação do nosso estado difundindo o forró e a cultura nordestina.

Obrigada pelo carinho, atenção e respeito com que sempre somos recebidos não só na Alpha Fitness, como nas dependências da Rede Bahia e como aconteceu com a Estakazero neste primeiro, de muitos contatos.

Pra quem não viu ou quer rever abaixo o vídeo da matéria que foi ao ar no Jornal da Manhã.
 

Aulão do Forró Danado




Aconteceu na tarde deste domingo, 15/04, um grande aulão ao ar livre, realizado pelo grupo Forró Danado. Com forró ao vivo da banda Forró no Chinelo,o evento foi muito alto astral, começando com uma caminhada onde os alunos aproveitam para convidar outras pessoas que estavam na praça e caminhando por ali a participar. Depois o aulão começa regado a muito forró com muitas brincadeiras e técnicas para aplicar na dança.
Além da presença dos danados e amigos e dos forrozeiros o aulão também chamou a atenção das pessoas que passavam pela praça Jardim da Pituba onde o aulão estava acontecendo, algumas até se juntaram ao grupo.
Foi uma tarde divertida e com muito forró, quem não conhecia a metodologia do Forró Danado pode conferir o pique e a energia do professor João Pipolo no comando dos danados e aprender uns passos de forró pra já aquecer os pés para o São João que se aproxima.
O aulão foi liderado pelo professor João Pipolo e teve a presença super estimável de um dos mais experientes sanfoneiros da atualidade Zelito Bezerra, do cantor Robinho além do ilustre cantor Abell da banda Forró no Chinelo que é uma das bandas mais respeitadas em Simões Filho.
Devido ao grande sucesso que foi esta primeira edição do Aulão Danado e atendendendo aos inúmeros pedidos de bis, a direção do grupo Forró Danado decidiu que o evento acontecerá quinzenalmente na praça Ana Lúcia Magalhães, localizada no fim de linha da Avenida Paulo VI, na Pituba e que conta com segurança e estacionamento amplo onde os alunos e comunidade podem estacionar com segurança, além de ser uma belíssima praça adotada pelo grupo G. Barbosa.
Veja nas fotos um pouco do que foi este domingo danado de bom!


O aulão é gratuito e acessível a todos os que queiram participar. Nosso próximo aulão será no dia 22 e promete ser melhor aiinda! Agende-se!


[Especial Centenário de Luiz Gonzaga] #8 O legado de Luiz Gonzaga

Certa vez Luiz Gonzaga disse que gostaria de ser lembrado como o sanfoneiro que amou e cantou muito o seu povo, o sertão, que cantou os animais, os padres, os cangaceiros, os retirantes, os valentes, os covardes, o amor, mas na verdade Luiz Gonzaga foi muito mais que isso, ele traduziu para o mundo a alma nordestina através do seu modo diferente e inovador de tocar a sanfona, criou uma identidade musical e assim quebrou muitos preconceitos e revolucionou a música popular brasileira, carregou consigo o sentimento de seu povo, impulsionou o forró e ainda influencia diretamente na carreira de centenas de artistas não só nordestinos e também de outros gêneros musicais.
Além da admiração declarada de nomes como Gilberto Gil, Fagner, Elba Ramalho, Dominguinhos, e até mesmo os Beatles, o rei do pop brasileiro, o hitmaker Lulu Santos foi além da palavra e reverenciou o Rei do Baião num show no circo Tihany em março de 1986, pouco tempo antes, o sucesso Tudo Azul, que deu nome ao seu terceiro disco, lançado em 1984, traz na melodia composta por Lulu modulações nordestinas e a letra que diz "Eu nunca fui o Rei do Baião/ Nem sei fazer chover no sertão" foi feita por seu parceiro Nélson Motta que afirma: "Foi a melodia que puxou. Parece que a letra tava lá." Diz Nélson Motta que afirma ser essa a música que mais aprecia das que fez em parceria com Lulu. E não ficou por aí nos anos 1990, Lulu Santos incluiu Asa Branca em seus shows a música que ainda faz parte de seu repertório de shows.


Além da influência na música e de mostrar ao mundo as belezas e agruras do sertão mestre Lua também contribuiu muito para o desenvolvimento da região e de seu povo. Criou em Exu, sua terra natal o Parque Asa Branca e a fundação Vovô Januário, que existem até hoje e tem como objetivo valorizar e cultivar a cultura nordestina, como já apresentamos aqui.
Em vida Luiz Gonzaga deixou um imenso legado. A morte do mestre deixou uma lacuna na música brasileira que ainda não foi preenchida, 23 anos após a sua morte.
Algumas homenagens que permitem com que Luiz Gonzaga não seja esquecido e seja adimirado também por novas gerações. São museus e estátuas do Rei do Baião espalhados por diversas cidades do nordeste, como Exu, campina Grande, Recife e Caruaru.
O desejo de Luiz Gonzaga se cumpriu e cabe a nós continuar sua caminhada em prol da cultura nordestina e não deixar que seu nome se apague da história das futuras gerações. Vem com a gente nessa?

+1 #1 Renata 17/04/2012 01:38
Esse nome não se apagará! Podem crer!
Esse texto descreve com perfeição a vida do Gonzagão. É preciso muita sensibilidade para relatar quem era o Rei, o nosso grande Rei do Baião!
E viva o Forró!!!

[Especial Centenário de Luiz Gonzaga] #7 "Quem é Roberto Carlos perto de Luiz Gonzaga?"



Desde que começou a cantar o Nordeste com sua sanfona em punho, Luiz Gonzaga foi colecionando admiradores. Além de trazer à tona e mostrar ao Brasil e ao mundo a realidade do Nordeste brasileiro sem deixar de demosntrar seu amor e orgulho pela terra, o mestre conquistou até quem nunca esteve nesta região do país e grandes estudiosos da música.
Para o musicólogo baiano Ricardo Cravo Albim, um dos maiores pesquisadores da música popular brasileira e fundador do Museu da Imagem e som, "Gonzaga não é só gênio do nordeste, é gênio da MPB. Ele foi a personificação de um país ainda alegre e tragicamente exuberantedurante trinta anos pelo menos. Ninguém o fez com mais força e mais visceralidade antes dele (só abro exceção para Carmem Miranda), nem depois dele. Gonzaga se fez também o melhor intérprete do São João no Brasil. Portanto, esse modismo do forró de hoje tem suas melhores raízes plantadas em Luiz Gonzaga mesmo antes dos anos 50. Gonzaga foi, com toda certeza, o sólido jacarandá, cujos galhos são todos os outros. Trocando em miúdos: o pai do forró e pai dos filhos do forró, mas sem qualquer responsabilidade é claro, com as ervas daninhas que os passarinhos fazem crescer na copa da árvore. Essa escória que sempre infesta o mercado nada tem a ver com a nobreza da árvore e de seus galhos."
Gilberto Gil sempre cita Luiz Gonzaga como seu grande mestre "Ele foi responsável pela reunião de todos esses aspectos interioranos de expressão mundial, poética, de falas e modos de ser. Tornou-se o grande primeiro artista popular do país. Nessa dimensão de andarilho, de artista itinerante visitando todos os recantos do país, ele foi pioneiro, associando isso à dimensão de ícone presente nos jornais, nas revistas, no rádio até antes da televisão. Somos produtos desse homem mestiço brasileiro com forte presença africana, forte presença indígena, uma coisa cultural portuguesa muito forte. O Nordeste é muito assim, o Gonzaga era muito isso. Eu sou herdeiro. Aprecio a obra dele, não é falsa a semelhança entre mim e ele."


Dominguinhos, considerado o herdeiro do Rei do Baião, declara: "Luiz Gonzaga! Esse foi um grande artista, Tanto Campina Grande, Caruaru como as demais cidades devem render muitas homenagens a ele."
Estas são opiniões de nordestinos que ou conviveram com o Rei do Baião ou tiveram nele inspiração por conhecerem bem a realidade, mas os admiradores de Luiz Gonzaga estão em todas as regiões do país e independem de ritmos musicais. Um exemplo disso é o sambista Jorge Callado um dos autores do samba campeão do desfile de 2012 da Escola de Samba Unidos da Tijuca que homenageou o mestre Lua na Sapucaí.
A Unidos da Tijuca sagrou-se campeã do carnaval com enredo sobre a obra de Luiz Gonzaga. Ano passado a campeã do carnaval carioca foi a Beija-Flor de Nilópolis com enredo sobre Roberto Carlos, também considerado Rei da MPB.
"Quem é Roberto Carlos perto de Luiz Gonzaga? Roberto Carlos canta músicas de motel, enquanto Luiz Gonzaga é o rei de um povo que ajudou a construir o Brasil" afirmou o sambista.
Os números do Rei do Baião:

49 anos de carreira
625 músicas gravadas (quase todas sucesso nacional e internacional até hoje)
266 discos lançados
61 parceiros ao longo da carreira
mais de 20 livros publicados sobre a vida e a carreira do mestre


E você, conhece a obra deixada por Luiz Gonzaga? Sabe a importância de sua obra para o povo nordestino? Concorda com Callado? Deixe sua opinião.

Aulão do Forró Danado





Neste domingo, dia 15 de abril, o Forró danado promove o Aulão Danado. 1h30 de aula de forró ao ar livre e com participação da banda Forró no Chinelo tocando AO VIVO e depois da aula ainda faremos uma confraternização entre os participantes.

Será na Pituba, próximo ao fim de linha da Paulo VI e ao restaurante Saúde na Panela, mais especificamente na praça Jardim da Pituba, Rua das Hortênsias às 14h30.

Confira no mapa a localização exata



Exibir mapa ampliado

[Especial Centenário de Luiz Gonzaga] #6 Os Beatles cantaram Asa Branca?



*Sugestão de João Pipolo 



Em 1968 uma notícia vinda de fora causou estardalhaço na imprensa brasileira: Os Beatles haviam gravado Asa Branca. A notícia, anunciada por Carlos Imperial em seu programa na TV Rio veio junto com o lançamento do novo disco do quarteto inglês, disco esse que ficou conhecido como àlbum branco e se espalhou rapidamente causando grande barulho na imprensa e no público. Luiz Gonzaga, claro, foi procurado para comentar o fato que figurou na primeira edição da Revista Veja , publicada em 11 de setembro de 1968, na qual Gonzaga declara: "os meninos ingleses tem muito sentimento e não avacalham a música. A toada deles parece bastante com as coisas do Nordeste" e desafiou "agora é que eu quero ver se os Beatles vendem mesmo." disse o Rei do Baião desafiando os quatro garotos de Liverpool a ultrapassar a marca de 2 milhões de cópias vendidas do disco em que Asa Branca foi gravada originalmente.
Será que o Baião tinha conquistado os Beatles? O maior fenômeno da música naquela época? A afirmação partiu da canção The Inner Light gravada pelos Beatles e que possui acordes que lembram muito o grande sucesso do Mestre Lua em parceria com Humberto Teixeira. Abaixo está um vídeo com a canção, ouça e perceba a semelhança.


Em 1968 uma notícia vinda de fora causou estardalhaço na imprensa brasileira: Os Beatles haviam gravado Asa Branca. A notícia, anunciada por Carlos Imperial em seu programa na TV Rio veio junto com o lançamento do novo disco do quarteto inglês, disco esse que ficou conhecido como àlbum branco e se espalhou rapidamente causando grande barulho na imprensa e no público. Luiz Gonzaga, claro, foi procurado para comentar o fato que figurou na primeira edição da Revista Veja , publicada em 11 de setembro de 1968, na qual Gonzaga declara: "os meninos ingleses tem muito sentimento e não avacalham a música. A toada deles parece bastante com as coisas do Nordeste" e desafiou "agora é que eu quero ver se os Beatles vendem mesmo." disse o Rei do Baião desafiando os quatro garotos de Liverpool a ultrapassar a marca de 2 milhões de cópias vendidas do disco em que Asa Branca foi gravada originalmente.
Será que o Baião tinha conquistado os Beatles? O maior fenômeno da música naquela época? A afirmação partiu da canção The Inner Light gravada pelos Beatles e que possui acordes que lembram muito o grande sucesso do Mestre Lua em parceria com Humberto Teixeira. Abaixo está um vídeo com a canção, ouça e perceba a semelhança.

Com a notícia e sua repercussão Gonzaga era cada vez mais requisitados para entrevistas e participações em programas de Tv e Rádio e seus discos tiveram um aumento considerável nas vendas. Anos mais tarde, já em 1982, Gonzaga declarou numa entrevista concedida no Recife que tudo não passou de uma brincadeira de Carlos Imperial.
"Não houve verdade não. essa mentira quem pregou foi Carlos Imperial. Ele tinha um programa que denunciava muita coisa, ele chegou com um disco lá e disse 'E agora quem vai dizer que iê-iê-iê não é de Luiz Gonzaga? Olha aqui, Asa Branca acaba de ser gravada pelos Beatles!' Houve aquela correria danada, todo mundo queria saber a verdade e eu acabei foi ganhando dinheiro com isso, mas não passou de uma grande mentira". Afirma Gonzagão.
mas será mesmo que um boato se sustentaria por duas décadas sem ser contestado? De fato The Inner Light tem uma linha melódica muito parecida com as toadas nordestinas. Os Beatles nunca comentaram o fato e Luiz Gonzaga ganhou dinheiro com a suposta versão. Seria mesmo mentira?
"Bem que poderia ter sido verdade, até porque, é completamente proporcional a genialidade dos Beatles e a genialidade de Luiz Gonzaga, ambos foram reis, são reis e sempre serão, pois nada nunca irá se comparar a eles." Conclui João Pipolo, professor e fundador do grupo Forró Danado e grande admirador de Luiz Gonzaga.

E como se trata de cultura nordestina toda essa história virou o cordel Quando os Beatles Cantaram Asa Branca
escrito por Rafael de Oliveira, também conhecido com Dom Pirrito II
De boato não credito
Mas esse dou lealdade
Que um sujeito me falou
Num programa da cidade
Que Asa Branca do Luiz
Virou rock de raiz
Pelos Beatles de verdade.

Bem, se de fato virou,
Eu não tenho um magistrado
Mas como eu disse: credito,
Dou assim meu informado.
Gil disse: Caruaru
Rima bem com Liverpool
E tá tudo com nó dado.

Os Beatles são um quarteto
Ringo Starr na bateria
E o guitarrison George
Liderando a maestria.
No baixo está James Paul
Que faz voz de negro soul
Com John guiando a ritmia.

Eles juntos já bancaram
Sucesso no mundo inteiro.
De tão bons venceram “feras”,
Elvis foi logo o primeiro.
Com canção de tom vibrante
De efeito quente e dançante
Da riqueza, um “minhaeiro”.

E foi um tal de um furdunço
Com “hard”, “please”, “shout” e “do”.
De tanta coisa bobinha
Em dizer “she loves you”.
Oito dias por semana
Do meu rádio o som emana
“Uái do iu meique me blu”.

Esses homens que são beatles
Cantam em inglês recorde
Da rainha já ganharam
Até título de lorde.
Mas parece que era Membro
Do Império... já não lembro
O título desse acorde.

Mas eles deram cantando
Pro mundo todo a toada.
Eram muito dos novinhos
Pra agüentar tanta zoada.
Saíram cantando Help!
Com mais lampião que a Celpe
No meio da meninada.

Depois veio Rubber Soul
Até com canção de adulto.
Além de tocar guitarra
Da Índia tiveram reduto:
A cítara do George
Se tornou um nobre alforje
Pra qualquer crítico bruto.

Mas logo a necessidade
De querer mais renovar
Foi exigida por eles
Pra música salutar.
Foi Revolver no sentido
Procurando até ruído
Pro submarino cantar.

E assim chegaram mudando
Dizendo o Psicodelismo
De muitas inovações
Pra nós foi Tropicalismo.
Um disco de um tal de Pepper
Que até hoje inveja rapper
E criou o Pós-Modernismo.

A partir daí foi tudo
Vendo experimentação
Tocaram tanto instrumento
Sem ter catalogação.
Teve microfone a nado
Guitarra de retornado
Som doido de assombração.

E aquele tempo era de onda
Tinha Erasmo e Roberto
Que com a linda Wanderléia
Andavam sempre por perto,
Com broto, beijo e sem farda
Fizeram a jovem-guarda,
Deixaram Luiz incerto.

Luiz Gonzaga, o grão-rei,
Tacou o forró no Brasil.
Mas depois que esses tais Beatles
Botaram seu inglês vil,
Nosso grão-rei do baião
Ficou de cara no chão
Vendendo pouco vinil.

Mas veio uma notícia
Que o mundo todo escutou
Não sei se deu em TV,
Rádio, jornal ou num show.
Os Beatles têm Asa Branca
Na cuca, no ouvido e na anca
E pouca gente aceitou.

Asa Branca é um sonho de hino
Que se resume em tristeza
De cangalha do sertão
De gente que é só firmeza.
Da seca os verdes olhares
Se espalham lendo dos ares
Esperança e eterna reza.

Asa Branca leva peso
Com dois nomes para autor
Além de seu Gonzagão
Humberto veio a dispor
Formando um xodó tei-tei
Que Lennon e McCartney
Também merecem louvor.

Isso foi em sessenta e oito
Desses mil e novecentos
Disseram que Luiz ia
Receber muitos duzentos
Da moeda americana
Pra ficar cheio da grana
Mas foram outros quinhentos.

Primeiro foi logo assim:
Com a notícia dando bote,
Em ouvido disgramado
Dum bocado de “reporte”.
Talvez tenha tudo tido
Porte de desentendido
Que o povo, aceso, fez xote.

E deu foi um mundaréu
De conversa doida e nóia.
Não teve quem confirmasse
Aquela notícia jóia.
E pra não se dar chamego
É lembrar do cabra grego
Que engabelou toda Tróia.

Mas o Rei do baião via
Naquilo tudo despeito.
Coçou do queixo o sorriso,
Transpareceu do seu jeito,
Aquela mania peta
Do pião com a carrapeta
- Quero ver se eles têm peito!

- Quando cantei essa nega
O Brasil todo gostou.
Quero saber mesmo deles
Se nesse inglês vai ser show.
Baião não é feito rock
Que é rápido feito choque...
Quem dele riu se cagou.

E o Rei, de fato, selava
Peleja pr’esses modernos.
Os Beatles de tão supremos,
Sucumbiam nos seus ternos
Orgulhos de tez diversa
C’a prosa um tanto que adversa,
Canções em tristes invernos.

Emendando a cantoria
Dos Beatles com nossa trova,
Disseram que eles gravaram
Com nome de coisa nova
Uma tal de “Luz Profunda”
Com som igual que confunda
Caganeira com desova.

E estando calamitosa
A situação que se deu
O antes incerto Luiz
De novo convalesceu
Do boato, se verdade,
Deu Luiz de novidade
E muito disco vendeu.

E até nestes horizontes
Muito lesão fica louco,
Inclusive o cordelista
Que de cantar fica rouco.
Porém é tudo salada
Que não tem gosto de nada
Mas que se belisca um pouco.

Contudo há novas conversas
Que falam de uma maleta
Onde uma fita gravada
Está, só que ninguém veta.
Ela pertence ao Chifrudo
Que depois vai vender tudo
Pra alguém fazer de vinheta.

E encher o rabo de grana
Relançando mil versões
Pra publicar nos retratos
Aglomerando saguões
Das Bolsas em altos custos
Enrolando os pobres justos
Nisso e também em leilões.

Só que evitando negócio
John Lennon surpreendeu
Antes da CIA o matar
Prum bom cantor sucedeu
Outra fita do baú
E o nome dele é Raul
Que a versão sobreviveu.

Raul Seixas retornou
Para o Brasil com a canção.
Correu para gravadora
E soltou seu vozeirão.
“White Wings” era ela
Raulzito cantou bela-
Mente com o seu jeitão.

E quem juízo tiver
Tome sua conclusão
Pois é verdade o que digo
Nessa suma redação,
Já que de argumento faço
Não rejeito e abro este espaço
Pra quem tiver mais versão.

E cá o verso no fim
Já tá chegando benta hora
De pegar as letras todas
E levar para editora
E grato ao Mestre Rodrigo
Por me lembrar o postigo
Do episódio que vigora!


1ª versão: Jaboatão, 19 de agosto de 2004
2ª versão: Recife, 28 de junho de 2007.

E assim, como dizem por aí, Entrou por uma porta, saiu pela outra, quem quiser que conte outra.



FELIZ PÁSCOA

A Família Forró Danado deseja a todos uma FELIZ PÁSCOA!!!!


João Pipolo Fotografia



Não é de hoje que estamos acostumados a ver o mestre João Pipolo com uma câmera fotográfica pendurada no pescoço e eternizando diversos dos divertidos e importantíssimos momentos vividos pelos membros do Forró Danado. O que poucos sabem é que este não é apenas um hobby, é algo a que o professor vem se dedicando, estudando e aperfeiçoando. E não está limitado apenas aos registros feitos nas aulas, festas e encontros oficiais do grupo, João eterniza seu olhar pela fotografia. Como todos nós já percebemos, João é extremamente observador e possui um vasto repertório de conhecimento sobre diversos assuntos, ele aprendeu a usar a câmera fotográfica como uma aliada na busca de compartilhar seu olhar com o mundo e eternizar este olhar.
João Pipolo diz que não pensa na foto no momento do clique, mas sim no

que ela representará anos depois. A foto como um registro histórico, um documento, uma obra de arte. Os cliques já produzidos por ele são primorosos e de um cuidado e percepção inacreditáveis apenas para quem não o conhece, pois o perfeccionismo, a qualidade e a determinação sempre foram caracteríscas marcantes de sua personalidade.

Determinado a seguir clicando momentos e eternizando instantes profissionalmente,
decidiu compartilhar suas obras fotográficas em um site que já está no ar e pronto para receber sua visita. Em www.joaopipolo.com é possível ver algumas das fotos já produzidas por ele, além de posts com curiosidades, informações e novidades sobre o mundo da fotografia.
Nós te convidamos a clicar no link e conhecer a nova faceta do professor e conferir os cliques que ele anda fazendo por aí e ainda pode aproveitar e deixar um comentário.


[Especial Centenário de Luiz Gonzaga] #5 A música me faz contente

O menino Luiz Gonzaga começou a vida artística em cedo, pelas mãos de seu pai, o mestre Januário, afamado sanfoneiro da região do sertão de Pernambuco. Gonzaga acompanhava o pa nas festas e feiras e com ele aprendeu o ofício de tocador.
Durante sua vida Gonzaga teve 53 parceiros musicais e também gravou canções de outros compositores, desde que estas apresentassem compromissso com o Nordeste.
"Eu queria cantar o Nordeste. Eu tinha a música, tinha o tema, o que eu não sabia era continuar. Eu precisava de um poeta que saberia escrever aquilo que eu tinha na cabeça, de um homem culto para me ensinar as coisas que eu não sabia." Contou Luiz Gonzaga a Denise Dreyfus
Em agosto de 1945, Gonzaga se encontra com o músico e advogado cearense Humberto Teixeira, e deste encontro surge uma parceria que rendeu canções como No meu Pé de Serra, Asa Branca, O Baião, Assum Preto, Juazeiro, Légua Tirana, Paraíba, Respeita Januário, entre outras.

Outro parceiro que se destacou foi o poeta paraibano Zé Marcolino, cantador de profissãoque valorizava as tradições nordestinas e fã de Gonzaga a ponto de escrever-lhe inúmeras cartas com a esperança de conhecer pessoalmente o Rei do Baião, o primeiro encontro se deu sem grande sucesso, mas a persistência de Zé Marcolino fez com que Gonzaga se dispusesse a escutá-lo e a escutar suas músicas. Desta parceria surgiram Fazenda Cacimba Nova, Pássaro Carão, Sala de Reboco, Saudade Imprudente, Cacimba Nova, Serrote Agudo, Marimbondo, Pássaro Fura Barreira, Matuto Aperreado, Sertão de Aço dentre outras.
O também pernambucano Zé Dantas tinha um vasto conhecimento das tradições nordestinas e sempre usou este tema em suas canções que permaneceram inéditas até o encontro com Luiz Gonzaga que se encantou com as composições e prometeu gravá-las, Zé dantas porém pediu ao Mestre que não divulgasse seu sobrenome por temer perder a mesada que recebia do Pai para completar os estudos de medicina na capital pernambucana.
Ao se formar Zé Dantas se muda para o Rio de Janeiro para fazer residência médica e neste mesmo período atinge o auge de sua parceria com o Rei, suas músicas passaram a lhe render um bom dinheiro que proporcionaram sua independência financeira. Esta parceria rendeu os sucesos Vem Morena, Riacho do Navio, Acauã, A Volta da Asa Branca e Sabiá
 Também foram parceiros de Luiz Gonzaga nomes como Miguel Lima, Onildo Almeida e João Silva.

Mas foi em 1950, época de ouro de Luiz Gonzaga, havia em Garanhuns um menino de 8 anos que tocava pandeiro na porta do Hotel Tavares, num trio com os dois irmãos. Este menino era José Domingos de Morais ou simplesmente Dominguinhos.
Gonzaga os viu e deu ao pai dos meninos dinheiro e seu endereço no Rio de Janeiro. Os meninos seguiram ainda para Olinda e pelo interior tocando e só procuraram Gonzaga quando o pai adoeceu e foi desenganado pelos médicos. Seguiram para o Rio de Janeiro de carona num caminhão, numa viagem que durou onze dias.
Dominguinhos tornou-se discípulo de Luiz Gonzaga e inovou a arte do mestre emprestando sotaques diferentes e novos à sanfona sem abandonar o baião de seu padrinho. Em pouco tempo Dominguinhos vingou. Consagrado pelo público e pela crítica ele não só deu continuidade quanto ampliou o legado da cultura nordestina.
Dominguinhos descreve Luiz Gonzaga como o mais importante artista criador da música popular nordestina.
"Ele [Luiz Gonzaga] foi essa figura que, sem atentar muito para isso, deixou uma imensa obra para seguir e aprender para que ele continue sendo lembrado e sua herança jamais se perca." Disse Dominguinhos.
Quando Dominguinhos estava já com 16 anos, Gonzaga o apresentou como seu herdeiro artístico. Gonzaga queria levar Dominguinhos e sua parceira Anastácia com ele em suas viagens para o Nordeste e para isso nomeou Dominguinhos como seu motorista e o garoto também fazia propaganda nos lugares onde chegavam com uma corneta em cima do carro.
"Eu Fazia propaganda, abria os shows, depois ele se juntava e fazia o resto do show. Essas viagens foram extraordinárias, eu aprendi muito. Nem Gonzaguinha tirou proveito como eu." Relembra Dominguinhos.
Gonzaga e seus parceiros enalteceram a cultura nordestina e a apresentaram não só a todos os brasileiros como também a levaram para fora do país.