[Especial Centenário de Luiz Gonzaga] #14 Ele só quer, só pensa em namorar.





Na adolescência o sanfoneiro acompanhava o pai animando as festas da região, nos intervalos Luiz Gonzaga dançava e namorava e algumas vezes chegou até mesmo a pensar em casamento e comprar alianças. Foi uma paixão que deu o pontapé inicial na carreira artística do Rei do Baião. Gonzaga apaixonou-se por Nazarena Milfont (Nazinha), filha de um coronel da região que não aprovou o relacionamento, " - Um diabo que não trabalha, não tem roça, não tem nada, só puxando aquele fole, como é que quer se casar? É isso, mora nas terras dos Aires e pensa que é Alencar. Os Aires podendo tirar o couro daquele negro. Dão liberdade e agora quer moça branca pra se casar..." disse o coronel Raimundo Delgado que também ameaçou Gonzaga de morte e fez com que o sanfoneiro deixasse Exu. Na sua peregrinação pelo Brasil como soldado do exército brasileiro Gonzaga fez amigos, parceiros musicais e cultivou grandes paixões entre elas, Maria do Egito, Wilma, Ísis, Santa, Maria dos Anjos ea cantora e bailarina Odaléia Guedes dos Santos, integrante do coro de Ataulfo Alves, os dois conviveram por cinco anos e juntos tiveram um filho, o também cantor Gonzaguinha.
Em 1947 durante uma de suas apresentações na Rádio Nacional e já separado de Odaléia conheceu Helena das Neves Cavalcanti que se declarou admiradora do músico daí teve início um namoro que acabou em casamento após a aprovação de Santana, os dois se casaram no Rio de Janeiro em 1948 e viveram juntos por 40 anos com uma relação difícil agravada pela presença de D. Mariêta, mãe de Helena, que viveu com o casal até a sua morte interferindo negativamente na vida dos dois, além da recusa de Helena a criar Gonzaguinha mesmo após a morte de Odaléia.
Em 1975, num vôo de Recife para Brasília Gonzaga selou seu grande e último amor, Maria Edelzuita Rabelo. Os dois já haviam se conhecido em 1968 em Caruaru, num casamento de quadrilha junina onde a moça era a noiva e o sanfoneiro era o juiz, mas foi durante a escala em Salvador, que demorou mais que o previsto, que os dois puderam se conhecer melhor e se descobriram apaixonados iniciando um romance que ficou no anonimato por 13 anos, os dois se correspondiam e Gonzaga assinava com o pseudônimo de Marcelo Luiz. “Amei Lula sem nada pedir ou esperar, mas sabendo que me bastava estar diante do homem mais extraordinário que já conheci, que me fez renascer e me ensinou grandes lições.” lembra Edelzuita.
Em 1987 Luiz Gonzaga é diagnosticado com câncer de próstata e no ano seguinte toma a decisão de deixar Helena pois já não conseguiam mais se entender, entra com o pedido de desquite na justiça pernambucana e passa a viver sozinho em um dos apartamentos do Parque Aza Branca já que as dores não permitiam que ele subisse as escadas que o levavam ao seu quarto no casarão em que vivera até então. Mesmo com muitas dores e sofrimento causados pela doença Gonzaga conseguia dar umas fugidas para encontrar "meus amor", como chamava Edelzuita, que também estava doente, diagnosticada com leucemia crônica. Neste mesmo ano, com sua doença agravada, preocupado com a saúde de Edelzuita e sem conseguir suportar a saudade Gonzaga passa a viver com Maria Edelzuita, "vim cuidar de você, e você cuidar de mim". Com essa atitude Luiz Gonzaga assume publicamente a nova mulher. Gonzaga afirmou que foi com Zuita, como a chamava, que viveu os grandes momentos de sua vida e lamentava não ter tido a coragem de assumi-la antes por conta de preconceitos e o medo dos julgamentos a que seria submetido.

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