[Especial Centenário de Luiz Gonzaga] #9 De onde vem o Baião?





O Baião é um gênero musical que tem sua instrumentação básica originária na Chula, que é uma dança popular e gênero musical originária de Portugal de andamento ligeiro e ritmo bastante marcado por zabumba, triângulo e chocalhos e o canto é acompanhado por sanfona, viola, percussão e rabeca. Segundo o folclorista Câmara Cascudo o termo Baião deriva de baiano e é também uma dança popular nordestina desde o fim do século XIX, mas sempre restrito ao interior nordestino.

Em 1946, foi gravado o primeiro baião. A canção Baião composta por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira apresenta o ritmo para o país anunciando eu vou mostrar pra vocês como se dança o baião e quem quiser aprender é favor prestar atenção e o ritmo explodiu num mercado antes dominado por ritmos como bolero e samba-canção. Após isso o baião tornou-se o único dos gêneros musicais brasileiros a conseguir de fato projeção nacional e internacional, esta última principalmente através da música Baião de Ana gravada Silvana Mangano).
O Baião utiliza muito os seguintes instrumentos musicais: viola caipira, sanfona, triângulo, flauta doce e sanfona. O canto é intercalado ao som dos instrumentos e a temática das músicas é quase sempre o cotidiano dos nordestinos e as dificuldades da vida.
Em 1949, os jornais anunciavam "A ordem agora é baião - coqueluche nacional de 1949." anunciou o jornal Radar, no Diário Carioca afirmava que "o baião vem fazendo estremecer todo o vasto império do samba, e já agora não se poderá mais negar a influência decisiva deste gênero musical na predileção do povo."
Em 1950 tornou-se um ritmo internacional, com o baião Delicado de autoria de Valdir Azevedo que recebeu ao longo dos anos cinquenta orquestrações de maestros americanos e chegou a ganhar imitações, como aconteceu com O Baião de Ana interpretado pela atriz italiana Silvana Mangano no filme "Arroz Amargo" e em 1953, a música do filme "O Cangaceiro", baseado no baião Muié Rendeira, recebeu menção honrosa no Festival de Cannes na França.
No final dos anos 50 o baião entrou em declínio, mas não deixou de tocar nas rádios e até os anos 60 foi o gênero musical brasileiro de maior influência no exterior. São encontradas inúmeras influências do baião, e segundo alguns, até mesmo os Beatles (eles de novo) mostrariam em algumas composições como She Loves You, influências da marcação rítmica do baião. E em plena euforia do tropicalismo Gilberto Gil lançou músicas com nítida inspiração rítmica do baião, a começar por Domingo no Parque, que participou do Festival de Música da Record em 1967. No começo dos anos 70 voltou a influenciar as novas gerações de artistas, como Raul Seixas, que realizou uma fusão do rock com o baião criando o baioque.
O ritmo foi e é matriz de intervenções modernizadoras de Hermeto Pascoal, Edu Lobo, Egberto Gismonti, Guinga e inúmeros outros instrumentistas. Mais longínquo e miscigenado o gen do baião também contamina uma corrente que emergiu do Mpop do B dos anos 90 como Chico César, Lenine, Rita Ribeiro e Zeca Baleiro. A perenidade do gênero foi definida por Gilberto Gil em 1976 na canção De onde vem o Baião?
O baião continua a ser cultivado por todo o Nordeste, tendo ainda inúmeros cultivadores em outras regiões do país.
Músicas
Baião (Luiz Gonzaga/ Humberto Teixeira)
Asa Branca (Luiz Gonzaga/ Humberto Teixeira)
Paraíba (Luiz Gonzaga/ Humberto Teixeira)
Juazeiro (Luiz Gonzaga/ Humberto Teixeira)
Vem Morena ( Luiz Gonzaga/ Zé Dantas)
Respeita Januário (Luiz Gonzaga/ Humberto Teixeira)
Kalu (Humberto Teixeira) – Dalva de Oliveira
A Dança da Moda (Luiz Gonzaga/ Zé Dantas)
Sabiá (Luiz Gonzaga/ Zé Dantas)
A Letra I (Luiz Gonzaga/ Zé Dantas)
Cabeça Inchada (Hervê Cordovil)
Macaco Véio" (João do Vale/ J.B. de Aquino)
Delicado (Waldir Azevedo)
Carcará (João do Vale/ José Candido)
O Ovo (Hermeto Pascoal/ Geraldo Vandré)
Fica Mal Com Deus (Geraldo Vandré)
Louvação (Gilberto Gil)
Ponteio (Edu Lobo/ Capinam)
Baião Malandro (Egberto Gismonti)
Baião de Lacan (Guinga/ Aldir Blanc)

0 comentários:

Postar um comentário