[Especial Centenário de Luiz Gonzaga] #5 A música me faz contente

O menino Luiz Gonzaga começou a vida artística em cedo, pelas mãos de seu pai, o mestre Januário, afamado sanfoneiro da região do sertão de Pernambuco. Gonzaga acompanhava o pa nas festas e feiras e com ele aprendeu o ofício de tocador.
Durante sua vida Gonzaga teve 53 parceiros musicais e também gravou canções de outros compositores, desde que estas apresentassem compromissso com o Nordeste.
"Eu queria cantar o Nordeste. Eu tinha a música, tinha o tema, o que eu não sabia era continuar. Eu precisava de um poeta que saberia escrever aquilo que eu tinha na cabeça, de um homem culto para me ensinar as coisas que eu não sabia." Contou Luiz Gonzaga a Denise Dreyfus
Em agosto de 1945, Gonzaga se encontra com o músico e advogado cearense Humberto Teixeira, e deste encontro surge uma parceria que rendeu canções como No meu Pé de Serra, Asa Branca, O Baião, Assum Preto, Juazeiro, Légua Tirana, Paraíba, Respeita Januário, entre outras.

Outro parceiro que se destacou foi o poeta paraibano Zé Marcolino, cantador de profissãoque valorizava as tradições nordestinas e fã de Gonzaga a ponto de escrever-lhe inúmeras cartas com a esperança de conhecer pessoalmente o Rei do Baião, o primeiro encontro se deu sem grande sucesso, mas a persistência de Zé Marcolino fez com que Gonzaga se dispusesse a escutá-lo e a escutar suas músicas. Desta parceria surgiram Fazenda Cacimba Nova, Pássaro Carão, Sala de Reboco, Saudade Imprudente, Cacimba Nova, Serrote Agudo, Marimbondo, Pássaro Fura Barreira, Matuto Aperreado, Sertão de Aço dentre outras.
O também pernambucano Zé Dantas tinha um vasto conhecimento das tradições nordestinas e sempre usou este tema em suas canções que permaneceram inéditas até o encontro com Luiz Gonzaga que se encantou com as composições e prometeu gravá-las, Zé dantas porém pediu ao Mestre que não divulgasse seu sobrenome por temer perder a mesada que recebia do Pai para completar os estudos de medicina na capital pernambucana.
Ao se formar Zé Dantas se muda para o Rio de Janeiro para fazer residência médica e neste mesmo período atinge o auge de sua parceria com o Rei, suas músicas passaram a lhe render um bom dinheiro que proporcionaram sua independência financeira. Esta parceria rendeu os sucesos Vem Morena, Riacho do Navio, Acauã, A Volta da Asa Branca e Sabiá
 Também foram parceiros de Luiz Gonzaga nomes como Miguel Lima, Onildo Almeida e João Silva.

Mas foi em 1950, época de ouro de Luiz Gonzaga, havia em Garanhuns um menino de 8 anos que tocava pandeiro na porta do Hotel Tavares, num trio com os dois irmãos. Este menino era José Domingos de Morais ou simplesmente Dominguinhos.
Gonzaga os viu e deu ao pai dos meninos dinheiro e seu endereço no Rio de Janeiro. Os meninos seguiram ainda para Olinda e pelo interior tocando e só procuraram Gonzaga quando o pai adoeceu e foi desenganado pelos médicos. Seguiram para o Rio de Janeiro de carona num caminhão, numa viagem que durou onze dias.
Dominguinhos tornou-se discípulo de Luiz Gonzaga e inovou a arte do mestre emprestando sotaques diferentes e novos à sanfona sem abandonar o baião de seu padrinho. Em pouco tempo Dominguinhos vingou. Consagrado pelo público e pela crítica ele não só deu continuidade quanto ampliou o legado da cultura nordestina.
Dominguinhos descreve Luiz Gonzaga como o mais importante artista criador da música popular nordestina.
"Ele [Luiz Gonzaga] foi essa figura que, sem atentar muito para isso, deixou uma imensa obra para seguir e aprender para que ele continue sendo lembrado e sua herança jamais se perca." Disse Dominguinhos.
Quando Dominguinhos estava já com 16 anos, Gonzaga o apresentou como seu herdeiro artístico. Gonzaga queria levar Dominguinhos e sua parceira Anastácia com ele em suas viagens para o Nordeste e para isso nomeou Dominguinhos como seu motorista e o garoto também fazia propaganda nos lugares onde chegavam com uma corneta em cima do carro.
"Eu Fazia propaganda, abria os shows, depois ele se juntava e fazia o resto do show. Essas viagens foram extraordinárias, eu aprendi muito. Nem Gonzaguinha tirou proveito como eu." Relembra Dominguinhos.
Gonzaga e seus parceiros enalteceram a cultura nordestina e a apresentaram não só a todos os brasileiros como também a levaram para fora do país.

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